23 de Maio com o Brutus no painel

Comecei a vir de carro para o trampo. Engraçado como se presta muito menos atenção na vida alheia, é óbvio, afinal bater o carro por distração na traseira de um possível psico-lutador-de-MMA não é nada legal (Não que eu tenha essa experiência arquivada na memória ou mesmo gravada no corpo em alguma cicatriz).

Só sei que quando vinha de ônibus era bem mais interessante. Conseguia pôr a leitura em dia (Li 3 livros em 10 dias, recorde pesso

al até então). Fora que é intrigante ver os hábitos das pessoas no transporte público.

Assim que você entra, no motorista está com uma cara típica de poucos amigos ou de-que-não-gostou-da-transa-da-noite-anterior. Mais alguns passos e você se depara com o cobrador, este, sempre dormindo. Nem o ato de encostar o Bilhete Único na catraca acorda o (in)feliz, e nem aquela esbarrada das pernas da rotatória na perna dele fazem-no mexer sequer um músculo.

Quando termina de girar a catraca, começa o festival de estranhices e bizarrices.

Não me lembro de ter pego algum ônibus, por volta das 8:10 da matina, em que pelo menos 10, dos 30 passageiros, não estivessem dormindo-quase-babando-escorados-na-janela.

Tomava o meu livro em punhos e começava a folheá-lo.

Lógico que o sacolejar da cidade mais esburacada do mundo (Valeu Prefeito e Governador! Pela melhor manutenção do mundo! NOT!!!!!!!), e eu acabava, em algumas vezes, cedendo ao sono. Normal.

Só sei que é engraçado. Assim como eu fico prestando atenção nos outros, certeza que tem alguém que me sacaneia mentalmente, como eu o fiz por diversas vezes à outrém.

Mas de 3 dias comerciais para cá, minhas vindas e voltas resumem-se ao meu IPod ligado na entrada auxiliar, as caixas de som emitindo de The Strokes a ForFun e o meu companheiro Brutus, que até ele, me olha com raiva.

Praticamente me sinto no ônibus, com o motorista raivoso e que transa mal me encarando e praguejando mentalmente por eu ter esticado o dedo e feito pará-lo para me pegar.

Até tu, Brutus?

por Glauco Mazrimas